
“Advogados com direito… à palavra” Entrevista a Nádia Viveiros — coordenadora do escritório CEG & Associados
Nádia viveiros é a mais recente entrevistada na rubrica “Advogados com direito… à Palavra.” A coordenadora do Advogados CEG & Associados falou sobre o seu papel no funcionamento do escritório, como o fez à distância, os mentores que a acompanharam ao longo do seu percurso e os desafios da Advocacia para jovens mulheres.
Qual o papel de uma coordenadora num escritório de advogados, mais especificamente no Costa Estácio, Galvão e Associados?
Na CEG & Associados a Coordenação significa, compactando, estar próxima. Estar próxima da equipa, estar próxima dos clientes e supervisionar tudo o que requerer supervisão.
Além do normal desempenho das minhas funções – consultoria e tramitação de processos que se insiram na, amplamente designada, área de Contencioso Cível – cabe-me coordenar as reuniões de equipa e estabelecer quais as questões – processuais, relacionais e organizacionais – a direcionar à Administração.
Como foi coordenar uma equipa à distância, com uma pandemia e um confinamento geral? Quais os principais obstáculos que teve de ultrapassar ?
Felizmente, existem já mecanismos, em que se incluem as plataformas de comunicação à distância, que permitem trabalhar com eficácia fora das instalações da sociedade, pelo que não posso assinalar, com justeza, qualquer dificuldade na Coordenação à Distância.
Claro que, no exercício do Mandato em si considerado, foram algumas as adaptações que tiveram de ser concretizadas.
Na CEG privilegiamos, nesta fase, estabelecer os contactos inerentes ao mandato por meios de comunicação à distância e, quando tal solução se mostra inviável, os escritórios e os profissionais estão munidos de informação e equipamento de proteção que garantem a segurança de todos.
A minha primeira memória de resposta ao clássico “O que é que queres ser quando fores grande?” é advogada. Tinha 12 anos.
Iniciou o seu percurso no CEG & Associados em 2015. Entretanto, já se passaram 6 anos. Sente que ocorreram mudanças significativas na advocacia?
O exercício, exímio, da Advocacia, está, essencialmente, assente em pressupostos deontológicos e de rigor técnico indescuráveis.
O Advogado é um Agente Social essencial à boa administração da justiça. Desprendendo-me de conceitos normativos, um Advogado lida, diariamente, com pessoas e, não raras vezes, o seu âmbito de ação passa por gerir emoções alheias e, paralelamente, encontrar a melhor solução técnica para o caso em concreto.
A Advocacia exige, por isso, do Advogado, um complexo de competências humanas e rigor técnico que são intemporais. O que muda é a forma como a Advocacia é exercida e não a Advocacia.
E, por isso, independentemente da forma como se exerce a Advocacia esta será sempre o reflexo de um profissional tecnicamente preparado, empático e socialmente consciente.
Em 2011, ingressou na Universidade Lusíada de Lisboa, dedicando a sua vida académica ao Direito. Olhando para trás, faria alguma coisa diferente?
A minha primeira memória de resposta ao clássico “O que é que queres ser quando fores grande?” é advogada. Tinha 12 anos.
Sou, verdadeiramente, apaixonada por Direito e, por isso – ainda que, agora, com a acrescida consciência da exigência inerente a qualquer profissão que, mediata ou imediatamente, implique trabalhar com o Direito -, não teria a ousadia de arriscar noutro percurso.
Teve algum mentor ou figura que a ajudou a traçar o seu caminho? Qual foi o melhor ensinamento que recebeu?
Eu tive a sorte de, no meu percurso académico, me ter cruzado com professores extremamente competentes, empenhados e que – importantíssimo – gostavam muito de Direito. Recebi, ao longo da minha licenciatura, feedbacks e estímulos que foram essenciais para a forma como hoje vejo o Direito e a Advocacia.
O rigor ao lecionar uma cadeira e a avaliar um aluno de direito são imprescindíveis para construir a perceção de que, aqui – em Direito – não há atalhos possíveis se o que se pretende é ser um bom profissional. Terminada a minha licenciatura foi aqui, na CEG, que iniciei e concluí o meu Estágio de Ingresso na Advocacia.
O Estágio da Ordem dos Advogados é determinante na formação do Advogado e eu tive o privilégio de ter o, hoje meu Ilustre Colega, Dr. Hugo Galvão Ferreira, como meu Patrono.
Foi com ele – sem descurar todos os Advogados que integram a CEG uma vez que, também eles, contribuíram decisivamente para o meu percurso formativo – que eu tive a minha primeira referência do que é Ser Advogado, do que é A relação com o Cliente e em que se traduz, afinal, o Mandato e, por isso, será sempre uma referência.
Durante muitos anos, o Direito era um mundo de homens. Porém, os tempos mudaram e hoje tudo é diferente. Que mensagem deixaria às jovens que estão agora a dar os seus primeiros passos na advocacia?
Durante muitos anos “o Mundo foi dos homens” e temos, ainda, um longo caminho a percorrer até a Sociedade atingir a verdadeira igualdade – tratar de forma igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente, na medida dessa diferença – de género.
As jovens advogadas têm dois desafios: desassociar a juventude da competência e impor a competência sobre o género.
Ser-se jovem está, por vezes, automaticamente indexado à inexperiência imperícia. Para superar este preconceito é determinante ter-se conhecimentos técnicos sólidos – que colmatem qualquer hipotética insegurança intrínseca ou trazida por fatores externos – e assertividade.
Para mim, ser Mulher na Advocacia não foi particularmente desafiante precisamente porque crescer Mulher nos dá ferramentas para combater os “constrangimentos Sociais” que nos são impostos.