
“Advogados com direito… à Palavra” – Entrevista à Drª Liliana Oliveira Pereira
Dra. Liliana Oliveira Pereira é Advogada Associada Sénior da CEG&Associados desde 2019. Na sua entrevista ao “Advogados com Direito… à Palavra” fala-nos do seu percurso profissional, das características que acha fundamentais um advogado ter e dos principais desafios de 2021. No final, conta-nos como espera que seja o seu 2022 e deixa um conselho a quem ingressa este ano no curso de direito.
Em 2007, inicia a sua licenciatura em Direito na Universidade Lusíada do Porto. Sempre sentiu que a sua vocação estava ligada à advocacia?
Não posso afirmar que sempre senti que o meu caminho e a minha vocação estava ligada à área do Direito, nomeadamente, ao exercício da advocacia.
Mas optei por fazer esta escolha e enveredar pelo Curso de Direito, porque senti que era um curso que me traria vantagens, sobretudo no meu desenvolvimento pessoal e intelectual.
Mas, também não foi durante a Licenciatura que senti ter vocação para o exercício da advocacia, até porque, a Licenciatura não nos prepara para os verdadeiros desafios da profissão.
Portanto, só quando iniciei o meu estágio na Ordem dos Advogados, e pelo facto de o meu patrono, Dr. Jaime Ribeiro, advogado em Penafiel, me ter dado oportunidade e o voto de confiança de lidar de perto com os clientes, de participar em diligências judicias e de lidar sozinha com as problemáticas apresentadas pelo cliente, é que senti verdadeiramente o quão desafiante é o exercício da advocacia.
E senti essa vocação porque, para além de eu ser uma pessoa sensível às problemáticas das pessoas, sou uma pessoa que se envolve demasiado na história de vida das pessoas, e ter oportunidade, no exercício da minha profissão, de prevenir conflitos, para mim, é, e sempre será gratificante ajudar um cliente a concluir a sua problemática e contribuir para esse resultado.
Durante o seu percurso, teve oportunidade de experienciar a advocacia em prática isolada e em sociedade. Que principais diferenças aponta e quais as vantagens que viu em mudar para uma sociedade de advogados?
Depois de concluir o meu estágio na ordem dos advogados, decidi experienciar a advocacia em prática isolada, que, efetivamente, ocorreu entre o final do ano de 2015 até setembro de 2019.
Sendo que esta é a prática mais corrente em Penafiel, na cidade onde iniciei e continuo a exercer a minha profissão.
Mas, em setembro de 2019, surgiu a oportunidade de fazer parte da Sociedade Costa Estácio Galvão e Associados, Sociedade de Advogados.
E, apesar de a minha forma de exercer a advocacia não ser diferente, nestes dois contextos, porque continuo a lidar com cada litígio que me é apresentado com a responsabilidade e dignidade a que esta profissão nos obriga.
Entendo que a maior diferença que aponto entre o exercício da advocacia em prática isolada e em sociedade é que o advogado em prática isolado obriga a ser um advogado generalista, enquanto o exercício de advocacia em sociedade faz com que atue nas áreas de direito que mais experienciamos e que mais gostamos.
Tornando-me assim mais eficiente, capaz e proativa, resolvendo as problemáticas apresentadas pelo cliente de forma mais célere, uma vez que não me obrigada a um estudo prévio mais exaustivo.
Daí entender que esta oportunidade de exercer a minha profissão perante uma sociedade de advogados ser uma mais valia quer a nível pessoal quer para o cliente.
Para além do mais, trabalhar em equipa é sem dúvida essencial no exercício da advocacia, não só porque cada um de nós tem perspetivas diferentes e modos de interpretação distintos, o que faz com que, o debate entre colegas, o apoio e interajuda, na maioria das vezes, nos faça alcançar um resultado positivo quer para o cliente quer para o nosso desenvolvimento profissional.
Direito do trabalho, direito comercial/societário e direito da família e sucessório fazem parte da sua área de atuação. Qual é a área em que mais gosta de atuar e porquê?
Todas estas áreas mencionadas são áreas em que gosto de atuar, apesar de Direito de trabalho, comercial e societário ser bastante distinto de direito de família e sucessões, mas, de alguma forma, faz com que ambas sejam desafiantes para mim.
Por um lado, tenho as problemáticas levantadas no giro comercial, que me obriga a ser criativa, dinâmica e ter uma capacidade de reinvenção, dando assim conselhos aos clientes de forma a que os mesmos consigam alcançar bons resultados enquanto empresários e na manutenção das suas Sociedades Comerciais.
Por outro lado, atuo no âmbito de direito de família e sucessório, e, de todos os ramos do Direito, é aqui que posso vivenciar mais de perto a história de vida de cada cliente.
Este ramo do direito envolve muitas emoções, e ajudar a resolver as nuances intrínsecas às questões familiares, atingindo bons resultados, para além de ser desafiante, é essencialmente gratificante.
Gostava de ter a oportunidade de explorar outras áreas de atuação do direito?
O facto de ter experienciado a advocacia em prática isolada deu-me oportunidade de explorar várias áreas do direito.
E, portanto, neste momento, não sinto necessidade de explorar outras áreas.
Ter agora a oportunidade de exercer a minha profissão, e colaborar com a Costa Estácio Galvão e Associados, nas áreas em que me sito mais confortável e capaz, é o caminho que melhor se adequa, neste momento, para o meu sucesso profissional.
Visto que, tenho a oportunidade de me especializar apenas nestas áreas e ser mais eficiente, veloz e segura, o que faz com que me destaque e contribua para o meu sucesso profissional.
Na sua opinião, quais são as principais características e aptidões que um advogado deve ter?
Na minha opinião um advogado tem uma função social, a de prevenir conflitos, claro, salvaguardando sempre os direitos e interesses do seu cliente, mas, sobretudo, dando um exemplo de calma, de bom senso e de boa-fé na resolução de cada litígio que nos é apresentado.
Mas sobretudo ser empático, honesto e responsável, e isso sim, é uma das características que me define, e uso sobretudo essas características na relação que mantenho com o cliente; o sentimento de valorização pela problemática do cliente torna-nos distintos enquanto profissionais.
Como sabemos o ano de 2021 foi desafiante para todos os setores incluindo o da advocacia. Que principais desafios sentiu e o que espera do ano de 2022?
A pandemia covid-19 teve impacto no exercício da advocacia, como em outros setores.
Sendo que, para evitar contactos com clientes, tivemos de nos adaptar a este novo cenário e fazer uso de novos métodos para conseguir desempenhar o nosso trabalho à distância.
Em virtude da pandemia, como sabemos, houve várias empresas que se depararam com várias dificuldades financeiras, e consequentemente, houve um aumento de clientes à procura de acompanhamento, não só para honrar os seus compromissos enquanto empresários, mas também à procura de soluções perante a gestão de trabalhadores.
E, nessa medida, obrigou-nos, a nós, profissionais, a estar atentos às alterações legislativas e novas leis que vinham surgindo em consequência desta nova realidade.
E, portanto, uma área que teve aumento foi Direito de trabalho e societário, áreas estas em que atuo.
Mas, o exercício da advocacia é mesmo isso, adaptarmo-nos a cada situação, atualizarmo-nos diariamente, nunca ficar estagnado e muito menos desatualizado.
Penso que o ano de 2022 continuará a ser desafiante, mas, a nossa Sociedade, Costa Estácio Galvão e Associados, tem vindo a adaptar-se cada vez mais a esta nova realidade, a inovação, o investimento em tecnologia, novas ferramentas de gestão nos nossos escritórios são uma das principais caraterísticas que definem a nossa sociedade.
E portanto, conseguimos oferecer qualidade no tratamento da questão que nos é apresentada e celeridade na resolução do litígio, bem como, nos contactos com o cliente, seja através do contacto pessoal seja através de meios de comunicação à distância.
Por fim, qual é o principal conselho que deixa, a quem ingressa este ano no curso de direito?
O curso de Direito exige muita dedicação, empenho, estudo.
A base do Direito pressupõe um estudo contínuo, portanto, quem ingressa no curso de Direito tem de estar predisposto a esse estudo e atualização constante.
À primeira vista, quem ingressa neste curso, depara-se no primeiro ano com disciplinas teóricas, o que muitas das vezes faz com que se sintam desmotivados e desagradados.
E, portanto, o conselho que daria a um aluno que ingresse este ano no curso de direito é que olhe para cada disciplina e se foque em entender o valor que cada uma delas tem perante as vivências do nosso dia a dia, olhe para cada disciplina e entenda que a base da mesma é essencial para a vivência em sociedade, é um suporte para o seu desenvolvimento pessoal e intelectual.